04/01/2009

Morre lentamente

Morre lentamente,quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente,quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,quem se transforma em escravo do hábito,repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca,não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente,quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente,quem evita uma paixão,quem prefere o negro sobre o branco eos pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,justamente as que resgatam o brilho dos olhos,sorrisos dos bocejos,corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente,quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente,quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente,quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,não pergunta sobre um assunto que desconhece,ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,recordando sempre que estar vivoexige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Pablo Neruda

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