14/01/2014

5 & counting


Há datas que marcam a nossa vida para sempre.
15 de Janeiro é um desses dias. Há 5 anos atrás chegava a Angola para um “tipo” de projecto de vida que nem eu sabia bem o que era.
Por diversas razões, profissionais e pessoais, decidi correr o risco e seguir o desafio, sabendo no entanto que tinha guardado o plano V. Voltar era uma opção a qualquer momento. Mas no limite, eu que sou determinada e que luto o melhor que sei e posso para que os meus projectos e desafios deem certo, ficaria expatriada três, talvez cinco anos.
Assim, a esta altura já estaria de volta a Casa.
Casa. Voltar. Palavras que me passam pela cabeça vezes sem conta, mas que por muitas mais razões que as que me levaram a partir, estas me impedem de voltar.
Nas férias, certamente. Um dia, felizmente, em definitivo.
Por agora passei só de expatriada a emigrante.
Nestes cinco anos cresci tanto como pessoa, como nos restantes. Aprendi a dar a cara aos desafios, mesmo se por dentro estivesse destruída. Aprendi a engolir sapos do tamanho de bisontes. Perdi a capacidade de rir à gargalhada e o sorriso não faz parte de grande parte dos meus dias (vá, poupo no creme anti-rugas). Endureci. Cresceu-me uma “carapaça invisível” que muitas vezes me protege do ambiente hostil, mas que ainda é suficientemente fina para me deixar emocionar às vezes.
Sinto esta vida como uma batalha constante, na qual nunca posso baixar os braços nem as defesas. As ameaças e traições aparecem de onde se espera e de onde não se espera também.
Estes têm sido os anos mais difíceis da minha vida.
Nestes anos consegui fazer poupanças, ajudar pessoas que me são próximas, apoiar outras, fazer amigos, aprender muito (até coisas que eu preferia nunca ter aprendido).
Conheci algumas das melhores pessoas com quem já me cruzei na vida, mas também me cruzei com as piores.
Embora tenha feito amigos, são francamente menos que os amigos de quem me afastei no meu país.
Embora tenha ganho dinheiro, esse não paga os dias que deixei de estar com os Meus, nos bons momentos, nos maus momentos. Deixei de ver envelhecer as pessoas que me criaram e de ver crescer as minhas princesas e todos os sobrinhos “emprestados”.
Há opções que tomamos na vida, de que nos orgulhamos. Outras, aprendemos a sobreviver com elas.
Eu orgulho-me de ter a liberdade de escolher o rumo que tomo, de não ter deixado a vida escolher por mim, e de ter opções.
Deus devolveu-me a saúde. Acredito que me vai guiar pelo caminho certo. Só espero que nessa hora eu esteja atenta e reconheça os sinais.

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