05/08/2014

Os sumos da moda


Nos meus intervalos de trabalho, enquanto viajo pelos diversos blogues que acompanho, deparei-me com um texto que traduz muito do que penso, e que nunca escreveria melhor.
Claro que me identifiquei com as primeiras vezes em que arrumei os legumes que coloriam o arroz num cantinho do prato, e que a minha mãe prontamente obrigou a comer, aí já sem o arroz a acompanhar e que foi uma lição para a vida.

"A minha bisavó, Felicidade de seu nome, criou doze filhos, fez o parto da maioria dos netos sem conhecer sequer o A do abecedário e chegou à idade fantástica de ter trinetos. Lúcida até ao último dos dias em que aqueles olhos azuis, escondidos em mais rugas do que anos, brilharam.
Toda a vida lhe tivemos um medo tremendo. Ela sabia muito bem educar crianças, só filhos doze, netos acho que contámos 40 e bisnetos não sei bem quantos somos só que sou eu a mais velha. Sempre comemos a sopa toda e mais a fruta que ela mandava, sabíamos que só assim iríamos crescer e sentíamos a felicidade imensa que a ausência do pau de marmeleiro sobre as nossas pernas nos dava. Daqui resulta, parece-me óbvio, que esta coisa de comer espinafres, brócolos, pepinos, tomates e outros verdes iguais misturados com fruta é receita antiga para uma vida saudável. Se em vez da forma clássica da sopa, salada e fruta, querem meter tudo num copo, tirando o meu cepticismo em relação ao sabor da coisa, acho que fazem muito bem.

Outra conversa é o detox. O que quer que tal palavrão pretenda significar. Ora bem, graças a Deus, à evolução ou ao mero acaso nascemos dotados de rins (dois na maioria dos humanos), fígado, pulmões e  até, imagine-se, capacidade anti-oxidante. Quer isto dizer que estamos habilitados a eliminar a maioria das toxinas do organismo. Claro que talvez, a vitamina C, a vitamina E e o selénio, amplamente encontrados nos vegetais ajudem esta magia mas a ciência é parca. 
Aproveito a ciência para contar coisas que o leitor desprevenido talvez não saiba. Em relação ao que é verdadeiramente tóxico, aqueles elementos que o organismo não consegue eliminar como o chumbo, o arsénio, o cádmio e outros metais pesados, os vegetais pouco podem fazer. Nem um talo de couve, devidamente lubrificado com azeite e generosamente enfiado pelo orifício que não vê a luz do dia.
Agora que partilhei este segredo com o mundo recomendo que continuem a comer verdes, e vermelhos e laranja de forma clássica ou em sumo, componham a coisa com carne e peixe que nós somos omnívoros (seitan conta vá!), bebam muita aguinha e façam exercício. Toda a vida deu saúde. Agora para desintoxicar de coisas mesmo más agradeçam aos vossos rins e ao bom fígado e acendam uma vela ao homem que inventou a diálise."
 
 

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